tempo e presença

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 350 milhões de pessoas em todo o mundo, de todas as idades, enfrentam ansiedade e depressão. O Brasil, com 18,6 milhões de pessoas ansiosas ou deprimidas, lidera o ranking dos países com maior prevalência de problemas de saúde mental.

Em minhas conversas com diversas pessoas, tenho percebido um anseio comum por mais calma, menos ansiedade e pela capacidade de desfrutar de um sono reparador e acordar com mais disposição. Muitos encaram o autoconhecimento e o autocuidado como uma jornada árdua, associando a saúde a um esforço contínuo e disciplina rigorosa, o que pode desencorajar a busca por uma vida mais saudável. O recurso a atalhos, como medicamentos antidepressivos e ansiolíticos, muitas vezes parece mais fácil, oferecendo uma solução rápida. No entanto, a negligência e o tratamento superficial têm suas consequências, e os remédios, embora possam aliviar sintomas, raramente abordam a raiz do problema.

Ao longo dos anos, aprendi a integrar e manter hábitos saudáveis em minha rotina diária. No entanto, reconheço que manter esse equilíbrio constantemente é um grande desafio. A vida é mesmo uma corda bamba, é impossível sustentar o equilíbrio o tempo todo. Em vez de buscar uma estabilidade artificial, a essência está em aprender a se equilibrar bem, como um bom equilibrista, alguém que pode cair, mas sabe como se levantar e retomar o equilíbrio, independentemente de quantas vezes isso ocorra.

Os Vedas ensinam que a ansiedade é a tentativa de controlar o tempo, desejando que ele dure mais ou menos, dependendo da situação. No entanto, apressar-se na vida é apressar-se em direção a uma certeza inevitável: a morte.

Então, por que ter pressa?

Cansei de lutar contra o tempo. Venho exercendo instantes. Acho que ganhei presença.
— Viviane Mosé

fotografia de Henrique Lenza, Porto, Portugal 2021

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