a propósito do dharma
A palavra dharma vem de uma raiz em sânscrito que tem a ver com o que conseguimos manter, e assim, com a ideia de estabilidade. Dharma tem como base a compaixão e o desejo de fazer o que for melhor para um maior número de pessoas, ou seja, aquilo que é correto ser feito.
Lembram daquele código de ética para vivermos em sociedade? Que diz que não devemos matar, roubar, fazer aos outros o que não queremos que seja feito conosco? Nessa linha, podemos concluir que o dharma individual é aquilo que deve ser feito por cada um, a sua contribuição na sociedade e para os relacionamentos de forma geral. E isso está diretamente ligado à nossa evolução como seres humanos, sobretudo, os seres privilegiados que somos nós que estamos no caminho do autoconhecimento.
Porque é bom lembrar que essa busca em si já é algo que nos coloca numa posição diferente da maior parte das pessoas neste planeta. Quem é que está pensando em melhorar a saúde, em experimentar e introduzir novos hábitos para ter uma vida mais equilibrada, ao mesmo tempo que se morre de frio, de fome, de vírus, de guerra? Ou seja, com tanta gente numa dinâmica de sobrevivência, nós que estamos vivendo, e procurando viver melhor, temos o dever de buscar esse conhecimento, uma certa missão nesse ir além, na evolução do ser. Realmente não dá pra ficar bloqueado naqueles existencialismos pequenos, individuais, que só satisfazem o ego.
Desse modo, o dharma pode ser entendido como propósito. E voltamos à grande questão: o que é que viemos fazer aqui? Qual é a nossa função nessa existência?
O nosso dharma está associado à harmonia cósmica. O dharma individual, ao envolver a expressão dos talentos de cada um, define o nosso papel no cosmos. Para que a nossa mente esteja sempre em harmonia com o nosso dharma, precisamos cultivar sattva, que de modo simples representa sabedoria.
Mas aí, claro, entram os condicionamentos. Os condicionamentos podem ser positivos, ou seja sattvicos, o que nos leva em direção ao dharma – ou podem ser negativos (rajasicos e tamasicos) que nos levam à desarmonia e à doença. Essa é uma diferença essencial, porque rajas e tamas nos afastam do dharma, pois são motivados pelo ego (rajas) ou pela obscuridade (tamas). Os condicionamentos negativos são os nossos maiores empecilhos. Por isso é necessário estimular condicionamentos positivos, incrementar sattva.
Pensemos nisso então: o dharma de todos nós é expressar as qualidades de nosso ser, do Ser único– e expressar nossos talentos individuais para o bem de todos.
Os vedas nos ensinam que o Dharma nos protege e impulsiona. Principalmente, se o movimento é recíproco, ou seja, se você protege o seu dharma e o impulsiona, ele vai te proteger e te impulsionar.
“Ah, mas eu não sei onde encontrar o meu dharma. Qual será o meu propósito?” Para quem ainda não entendeu: ele está dentro de você. Só é possível defini-lo interiorizando, reconhecendo os seus talentos e aprofundando nesse re-conhecimento. Mas façamos isso com alegria, sentindo o fluxo dessa força em nós, sem esquecer que precisamos ser exemplos, na prática, não só verbalizar! Vivendo o dharma, a ordem cósmica, podemos ter uma vida com saúde, prosperidade e felicidade.
É importante ressaltar: o propósito pode mudar ao longo da vida. Por isso é importante se observar, estar atento, fazer a sua prática de autocuidado e voltar sempre para ela quando acontecem os excessos. Porque são os excessos que geram o caos, criam atritos, conflitos, insatisfações.
A propósito do dharma , no dia 18 de março iniciaremos uma jornada de sete dias, uma nova versão do projeto cura onde vamos experimentar práticas de conexão com o que é essencial em nós, com o que nos mantem na nossa caminhada.
Prepare-se!